O Espelho da Vó Elvira – Reflexos de um Outro Mundo

 Um espelho herdado, um reflexo que não acompanha os movimentos... e um segredo antigo escondido no vidro.

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Espelhos são portais. Ao menos é o que dizem os antigos ocultistas. Refletem não apenas o que está diante deles, mas, às vezes, algo que está além. Algo que espreita, esperando alguém ousar olhar por tempo demais.

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Após o falecimento de sua avó, Elvira, a jovem Clara herdou alguns móveis da antiga casa de família, entre eles, um grande espelho com moldura dourada, muito antiga, esculpida à mão. O espelho sempre ficava no quarto da velha senhora, coberto por um pano preto. A família dizia que era por superstição, mas Elvira nunca quis explicar.

Clara levou o espelho para seu apartamento e pendurou na parede da sala. Nos primeiros dias, nada de anormal. Mas, ao passar pela sala durante a noite, ela começou a sentir calafrios e a impressão de estar sendo observada. Quando finalmente teve coragem de encarar o espelho no escuro, percebeu algo estranho: seu reflexo não se movia ao mesmo tempo que ela.

Em uma noite, enquanto escovava os cabelos, o reflexo sorriu para ela — mas Clara não sorriu. Foi o suficiente para quase desmaiar. Chamou uma amiga, que também confirmou ver movimentos estranhos no espelho, como sombras passando atrás do reflexo.

Clara decidiu pesquisar sobre o espelho e descobriu que ele pertencia a um antigo casarão em Minas Gerais, palco de rituais espirituais no século XIX. O objeto teria sido usado em práticas de necromancia, servindo como “janela para os mortos”. Foi vendido em um leilão após todos os donos anteriores enlouquecerem ou sumirem misteriosamente.

Assustada, Clara tentou se livrar do espelho, mas, estranhamente, ele sempre voltava para sua casa, mesmo após ser jogado fora. Apenas quando chamou um padre e um ocultista, ao mesmo tempo, o espelho rachou no canto inferior — e desde então, está coberto, trancado em um sótão.

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Dizem que, mesmo coberto, o espelho ainda "respira". E se alguém se aproximar demais… pode ouvir batidas suaves do outro lado do vidro.